sexta-feira, 19 de abril de 2019

Encontro de Jesus com o ladrão na cruz



“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”

Leia aqui a passagem bíblica correspondente (Lc 23, 33-43)


A cena desse Evangelho se dá no momento da cruz, um momento de muita e dor e sofrimento, que naquele dia acontecia para Jesus e dois outros homens que estavam sendo crucificados ao seu lado.
A crucificação era uma sentença de morte muito dolorosa, era uma tortura; tiras de couro e pregos eram usados para pendurar o condenado no madeiro da cruz. Como um animal indefeso que se prendia numa cerca de arame farpado, a vítima poderia sobreviver por dias sofrendo dores atrozes. A morte normalmente ocorria por sufocação, pois a vítima, pendurada por suas mãos, ia perdendo a força para inspirar.

Os três ali no alto da cruz sabiam o que ia acontecer. Sabiam que iriam enfrentar uma morte muito dolorosa, numa condenação ultra humilhante e vergonhosa, sabiam que sua vida na terra chegava ao fim. Esse momento de dor e sofrimento foi acompanhado por uma grande multidão de pessoas: altas autoridades romanas e judaicas, soldados e homens comuns. Havia aqueles que estavam satisfeitos com a condenação de Jesus, pois assim terminava a ameaça que Ele representava. E havia todos aqueles que O amavam, que O conheceram  durante momentos de suas pregações e seus milagres.

Haviam três cruzes no Monte Calvário, e na cruz do meio estava Nosso Senhor.
Na primavera do ano 33 d.C., a crucificação desses três homens mudou a história do mundo. Os soldados romanos martelaram pregos através dos pulsos e tornozelos deles e os deixaram esperando a morte.

 “Um homem morreu com o pecado em si e sobre si. Um segundo homem morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si. O terceiro morreu com culpa sobre Ele, mas não era culpado.”  
(citação encontrada na contracapa de uma Bíblia antiga)

"Um homem morreu com o pecado em si e sobre si."
Foi o primeiro entre dois ladrões  que pela lei recebeu a punição que merecia. Ele foi sentenciado e condenado por um juiz investido da autoridade de César. Morreu com raiva. Devia ter raiva de si mesmo por ter sido pego. Sentia raiva do juiz que o sentenciou, e de todos que o decepcionaram ao longo de sua vida. E estava com muita raiva de um homem inocente, chamado Jesus, que estava ali ao seu lado. Ele não era o único, muitos outros, ali na multidão que assistiam a crucificação, também estavam assim. Afinal, era muito fácil ficar furioso com alguém que se dizia ser a luz e a esperança do mundo e que acabou pendurado na cruz, como um criminoso comum. Sim, este ladrão sentia raiva de Jesus por Ele ser incapaz de ajudar a si mesmo ou a qualquer outro (Lucas 23, 39). Este foi o primeiro ladrão que morreu com seu pecado dentro de si e sobre si.

"Um segundo homem morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si."
O segundo ladrão, quando viu as coisas extraordinárias que aconteciam naquela hora, quando a escuridão dominava a terra, mudou seu coração. Virou-se para o primeiro ladrão e disse: ""Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum." (Lucas 23, 40-41) E acrescentou: Jesus lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23, 42-43).
Essa foi uma das conversas mais importes que a Bíblia nos apresenta, pois nos falam da gratuidade do perdão de Deus. O perdão e a vida eterna são oferecidos a todos que tem fé. Ali, no fim de sua vida, o segundo ladrão não tinha tempo para mais nada. Não tinha como mudar sua vida, apagar seus crimes. Somente teve tempo para o arrependimento e para mostrar que tinha fé na misericórdia e no perdão de Deus. E Jesus, diante disso garantiu-lhe o seu perdão. O segundo ladrão morreu como pecador, mas sem a culpa sobre si. A culpa dos ombros deste ladrão, foi colocada sobre Jesus, aquele que carregou nossos pecados.

" O terceiro morreu com culpa sobre Ele, mas não era culpado."
Naquele dia, Jesus levou sobre Seus ombros a culpa do mundo. Ele morreu com o peso dos nossos pecados do mundo sobre si, mas sem ter cometido erro algum. Três dias depois, Ele ressuscitou dos mortos para mostrar que a Sua morte, trágica como foi, não tinha sido um erro. O corpo ressurreto de Cristo marcado pelos cravos deu a centenas de discípulos todas as evidências que precisavam para crer que Ele havia tomado seus lugares morrendo na cruz. O julgamento de Deus caiu sobre Ele ao invés de nós.

Os dois homens que estavam ao lado de Jesus eram malfeitores, ladrões, que estavam cumprindo sua sentença de morte pelos crimes cometidos. Acontecia, para eles, uma justa punição romana. Mas a atenção dos que assistiam a crucificação não estava sobre eles,  já que todo mundo só prestava atenção em Jesus, pois se cometia nele um assassinato: um homem sem pecado algum, que não cometera qualquer crime, estava sendo morto da forma mais cruel e injusta. Ali, na cruz, na Pessoa de Jesus, acontecia uma tentativa de matar a Graça de Deus...
E essa graça de Deus, mesmo nesse momento doloroso e humilhante, se apresentou para aqueles dois ladrões. Pois eles estavam lado a lado daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Na hora da morte acontecia um encontro que os deixava muito próximos da Salvação. Tão próximos do Senhor ali na Cruz, estavam dois tipos de coração: o duro e fechado pelo ódio do ladrão que blasfemou cheio de raiva, juntando-se aos escarnecedores... E o coração arrependido que, mesmo sendo culpado, na presença da Graça de Deus, se sente arrependido de seus erros e encontra esperança no perdão de divino.  Ao invés do ódio e da raiva, escolheu a mansidão, e pediu com humildade ao Senhor:

"Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino..."

Quanta confiança no Senhor demonstravam estas palavras, esta súplica! E Jesus nunca fica indiferente a tamanha fé e humildade... Na pior hora, na hora final de aflição e dor, aquele coração pecador soube escolher estar ao lado da Misericórdia, de buscar a Salvação que se apresentava para ele na presença de Jesus.


Haviam três cruzes no Calvário, naquele dia. A Cruz da Redenção, onde Jesus derramava o seu Sangue por nós. Nas outras, dois homens lutavam com sua dor e sofrimento. E escolhiam onde se colocar: ao lados dos blasfemadores e escarnecedores ou ao lado daqueles que, reconhecendo seus erros, embora sofrendo,  não perdiam a esperança no grande amor de Deus, capaz de nos livrar não da cruz, mas na cruz! Eu consigo imaginar como não devem ter sido doces para o ladrão arrependido aquelas palavras que o Senhor lhe disse:

 "...hoje estarás comigo no paraíso"

Consigo me imaginar... eu, uma pessoa imperfeita, que cometo erros, que reconheço minhas faltas, na pior hora da vida, no momento derradeiro, sofrendo dores e aflições - ouvir tal promessa de Jesus. Imagino a paz que deve deve ter tomado conta dessa alma - uma paz tão grande e sublime! Uma paz que só pode vir do perdão de Deus, um perdão gratuito, sem meio termo, que não exige nada - somente a fé e o arrependimento. É maravilhoso saber que Deus sempre está a nossa espera, sempre nos dando uma chance de nos arrependermos e de nos colocar sob seu abrigo. Penso como deve ser estar lá, naquele lugar, naquele monte, junto aquela cruz... E saber que Deus estava lá em nosso lugar, suportando nossos pecados.

Como é doce saber que participamos intimamente desta história, quando Deus nos mostra que, no sofrimento do Seu Filho, vemos o Seu sofrimento e o Seu amor por nós. Em Sua morte, vemos o pagamento pelos nossos erros, e Sua oferta de perdão. Em Sua ressurreição, vemos a garantia de que estás completamente satisfeito com o preço que Jesus pagou por nós.

Não esqueçamos nunca que esta também é a nossa história. No primeiro ladrão, vemos nosso primeiro desejo de odiar, rejeitar o amor de Deus, deixar nossa raiva nos afastar d'Ele e dos outros. E vemos também como deixar nosso coração ser tocado por Ele, pois desta maneira podemos nos ver como o segundo ladrão, que se arrependeu e demonstrou sua fé em Jesus.




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